SE A CARAPUÇA SERVE




SE A CARAPUÇA SERVE
Jorge de Oliveira era o nome de batismo do novo chefe do tráfico na favela do Mata Dois, mas era conhecido pelo pseudônimo de Ratinho, devido os dentes da frente serem maiores que o normal e um pouco separados, iguais aos do Ronaldo Fenômeno.
A favela, agora chamada de comunidade João Paulo II, ainda era conhecida como favela do Mata Dois, pois quando havia alguma morte, era sempre duas por vez.
Ratinho chegou a chefe do tráfico sem nunca ter matado ninguém. Por uma sorte do destino a polícia tinha entrado na boca de fumo e matado o antigo chefe, o gerente do tráfico e quase todos os outros cabeças da quadrilha, sobrando apenas ele, um reles soldado. Assim ele assumiu toda a droga que estava escondida e passou a chefe.
Logo que começou a ganhar dinheiro com o tráfico, Ratinho foi surpreendido pela invasão da Tropa de Elite do BOPE, iam fazer uma UPP no local.
O Exército fechou todas as saídas da favela e os poucos traficantes que tinham sobrado da matança anterior, começaram a fugir que nem ratos em navio afundando.
Ratinho tinha um esconderijo, mas não poderia ficar ali por muito tempo, o BOPE acabaria chegando até ele. Pensou rápido. Pediu a Maristela, uma homossexual ativa que fazia parte da quadrilha, para lhe vestir e pintar como uma mulher. Assim, bem disfarçado, ele conseguiu passar pela barreira da polícia e do Exército no pé do morro. Até que ele não ficou de jogar fora, inclusive ganhou uma cantada de um “pé marrom”.
Ratinho conseguiu fugir da polícia, mas o que faria agora? Não podia ir para a outra favela, pois era de facção criminosa rival. Assim, por alguns dias Jorge de Oliveira perambulou pelas ruas e até dormiu embaixo da ponte. Como não tinha outra roupa, manteve o disfarce de mulher. Lá pelos lados da Central do Brasil, ganhou tantas cantadas e promessas de dinheiro que acabou aceitando.
No momento vive uma vida quase honesta como travesti. Agora era conhecido por Jorgete.


Francisco de Assis D. Maél
Médico & Escritor
Outras obras do autor:
Compra-se vida – Ficção religiosa
Fragmentos de uma vida – Autobiografia
Áxis a síndrome sagrada – Ficção Científica
Missionários da saúde em ação – Orientação à saúde
MANA-YAM e a árvore de amigos - Infantil
Historinhas que ninguém lê - Contos
O dia da minha morte – Romance
Num piscar de olhos – Romance
Dívidas de gratidão – Romance
Senhor X – Romance






4 comentários:

Anônimo disse...

Que talento!

Histórias criativas e divertidas de ler.

Parabéns, Dr. Mael

Francisco Mael disse...

Obrigado por participar de minhas obras, volte sempre. Nunca deixe de criticar. BJ

Unknown disse...

Escrever. Ah...como escrever? Não pergunte para mim um simples violonista. Mas a possibilidade de ler, aprender com, adquirir histórias, romances, citações, metáforas depende de você, de mim, de todos. Acabo de fazer uma busca pelo meu texto, ou, textos de páginas várias. Trouxe para mim mais um ponto, um degrau conhecendo com mais afinco a arte do Escritor Francisco de Assis D. Maél. Deixo seu Blog cultural com a certeza da volta, minha volta em breve. Marcelo Cardoso, Belo Horizonte, Brasil.

massega disse...

muito bom MESMO!
quero é mais