O DIA DA MINHA MORTE

Fique a vontade para ler a sinopse e o 1º capítulo desta obras de Francisco Maél, se quiser fazer contato com o autor sobre os livros.
E-mail: Franciscomael@yahoo.com.br.
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O dia da minha morte é um romance que conta a história de um homem simples, Jonatas, que recebe avisos para que se cumpra a sua morte.

As obrigações são executadas fielmente, fazendo dele uma pessoa melhor até que chega o seu dia final. Após negociar com a morte, devido a um erro celeste, ele recebe a função de intermediação entre os vivos e o além. Vale a pena saber quando você vai morrer? O que você faria se soubesse o dia da sua morte?


1º CAPÍTULO
 
Sou Jonathan Duart, mas os familiares e amigos me chamam de Jô. Tenho cinquenta e dois anos de idade, branco, cabelos grisalhos bem curtos e sou magro. Tenho esposa e um casal de filhos. Margarete é a bela mulher com quem me casei. Ainda tem um sorriso que me atrai e um humor a prova de estresse. Vivemos juntos a mais de três décadas e temos uma cumplicidade que beira a carne e unha. Nosso trato no altar foi de eu ser os braços e a cabeça e ela a base e o corpo. O monstro que criamos foi algo tão diferente que deixamos de ser normal. Poucos entendiam a nossa filosofia de vida e muitos desdenhavam. Não éramos um casal normal, éramos a ovelha negra da família.

Meus filhos iam pelo mesmo caminho, mas que se dane o mundo que eu não me chamo Raimundo. Neste mundo ser diferente é a prova de que você está no caminho certo, principalmente se sua família está estagnada no tempo.

Minha vida começou a mudar quando eu tive o primeiro aviso. Aquela noite eu fui dormir cedo como era o meu costume e sempre acordava de madrugada, para variar. Estava eu deitado de barriga para cima pensando estar com insônia quando pela grande janela do meu apartamento, entrou um ser alado. Ele estava desnudo, porém não tinha sexo. Logo pensei que fosse um anjo e tentei me comunicar com ele, no entanto eu não conseguia falar e muito menos me mexer. Alguns dizem que este é o momento em que seu espírito está fora do seu corpo. Aquilo para mim parecia ser real até o momento em que acordei e vi que era um sonho.

Durante o sonho o ser alado falou:

- Jonathan Duart, você vai ter o privilégio de ter uma informação celeste. Estou aqui para lhe informar o dia da sua morte.

Meu Deus! Pensei eu. Alguém vem no meu sonho e diz que eu sou privilegiado por saber o dia da minha morte? Alguém por acaso quer saber o dia em que vai morrer?

- Seus dias estão chegando, você deve se preparar. A primeira coisa que você vai fazer é escrever um diário. Nele você vai anotar tudo que acontecer até o dia da sua morte. Depois, você vai fazer um exame médico completo e praticar algum tipo de exercício físico.

Onde já se viu, a morte mandar você fazer um diário? E mais, fazer atividade física. Para piorar ainda me manda fazer exames médicos? Está pensando o que? Se vai morrer mesmo, para que exame médico?

- Jonathan, toda a vez que você duvidar do meu aviso, você vai sentir dor no dedão do pé. Ah! Já ia me esquecendo, completou o anjo, você receberá outros avisos. Assim que você cumprir estas tarefas, vai receber o próximo.

Que raios de anjo é este que me trás notícia ruim e depois me ameaça com punições? Meleca! Ainda não consigo me mexer.

- Meu protegido Jô, isto não é um sonho, é o seu primeiro aviso. Quero agora que você durma, mas ao acordar vai se lembrar de tudo que falei, inclusive sobre a dor no dedão do pé.

Tudo se apagou e eu acabei sonhando de verdade com a mulher dos meus fetiches. Acordei quando o dia clareou, como sempre. Tomei o meu remédio diário para o estômago e fui ao banheiro. Não podia demorar muito, pois aquele era um dos dias da semana em que trabalhava. Tomei um banho, coloquei uma calça social escura, sapatos pretos bem engraxados e uma camisa branca de meia manga. Minha digníssima parceira já tinha preparado o meu desjejum, que eu devorei em dois tempos. Já estava ficando em cima da hora para eu sair. Escovei os dentes rapidamente, preparei a minha pequena mochila e dei um beijo na testa da patroa. O sol ainda nem tinha saído e ela sorria para mim, ela era mesmo uma “santa senhora” como disse uma vez uma colega de trabalho.

Chamei o elevador e aguardei com paciência o primeiro transporte que eu pegaria para ir para o serviço. Qual o serviço? É isso mesmo, já ia me esquecendo, trabalho na baixada fluminense, numa agência do Banco do Brasil. O que é que eu faço? Ah... deixa pra lá.

Na hora de almoço que eu tinha naquele dia, eu apenas fiz um lanche enquanto relembrava o sonho que tive durante a noite. Onde já se viu, sonhar que vai morrer? Isso não foi um sonho, foi um pesadelo.

Eu duvidava seriamente de que tivesse havido um aviso macabro daqueles. Assim que fui sair da lanchonete, dei uma topada no banco que estava a minha frente com o dedão do pé direito que, se não fosse o sapato, teria sido arrancado. Não tinha nada a ver com a punição do primeiro aviso, foi só uma coincidência.

Segui meu caminho de retorno ao trabalho, quando passei por uma esquina, um garoto me ofereceu alguma coisa.

- Senhor, compre uma agenda. Custa só dez reais.

- Eu não preciso de agenda nenhuma, falei sem pensar.

Neste momento senti uma nova dor no dedão que antes tinha acertado o pé do banco, a agenda do menino tinha caído justamente naquele dedão.

- Desculpe senhor, é melhor comprar esta agenda antes que a dor do seu dedão piore.

- Eu já disse que não preciso de agenda.

Virei as costas furioso e, dando partida... não fui longe, tropecei no meio fio da rua, justamente com o pé direito e caí sentado. Não me levantei, tirei o sapato e olhei o meu dedão. Ele estava latejando de dor, inchado e vermelho. Entreguei os pontos. Abri a carteira e tirei dez reais e passei para o menino.

- Obrigado pela compra, agora o senhor deve ir ao médico.

- Eu não preciso de mé...

Parei de falar e me lembrei do segundo item do aviso, ir ao médico.

- Cuidado com o dedão senhor, se não for ao médico ele pode piorar, disse o garoto antes de sair correndo.

Caramba, eu já estava quase acreditando no meu sonho. Besteira, foi tudo coincidência. Voltei para o meu serviço.

Na volta pra casa eu estava cansado, o dia estava quente e o dedo do meu pé incomodava algumas vezes. Não tive problemas com o trem, porém ao embarcar no metrô, fiquei de frente para uma televisão que mostrava algumas curiosidades. Determinado momento ela anunciou uma promoção de “check up” médico quase de graça. Fiz que não vi, mas um dos passageiros que andava em busca de um lugar para sentar, acabou pisando no meu pé, e sabe aonde? Justamente no dedão já machucado.

- Desculpe-me senhor, falou o rapaz.

Não tive tempo de desculpá-lo, pois a dor era intensa. Era melhor eu buscar um médico, senão acabarei gangrenando o meu dedão.

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