Nesta parte vou relatar alguns episódios que ocorreram em atendimentos em geral em consultório e em ações sociais. São fatos que podem até ser engraçados, mas de onde podemos tirar lições de vida e um grande aprendizado.
Tocar é um ato de...
Não sou cirurgião e nem urologista, mas
durante minha formação acadêmica tentei aprender de tudo um pouco, pois queria
ser um generalista de verdade. Um dos exames que pouquíssimos generalistas
fazem é o toque retal para o exame da próstata, ou toque prostático. É um exame
simples, fácil, rápido, mas desconfortável para o paciente.
Poucos são os homens que buscam este exame
normalmente, mas o que faz surgir uma fila na porta do meu consultório para
fazê-lo, é quando algum homem da comunidade morre devido o câncer da próstata.
Costumo dividir os pacientes para o exame
da próstata em alguns grupos:
O primeiro grupo é daquele que já fez o
exame anteriormente ou é conhecedor do assunto, chega sem delonga e pede para
fazer o exame;
O segundo grupo é daquele que chega com
queixa de dor na mão ou em outro lugar e após algum tempo na consulta, pergunta
se eu faço o “tal” exame da próstata. Estes pacientes geralmente querem fazer o
exame, mas vêm com outra queixa a fim de sondar o médico ou mesmo por vergonha
do assunto. Não perco tempo, esqueço a queixa anterior e me concentro na
orientação das doenças da próstata e na realização do exame.
O terceiro grupo é aquele que chega com
sinais e sintomas de uma doença da próstata: hiperplasia prostática benigna,
prostatite ou câncer da próstata. Estes normalmente aceitam o exame devido à
gravidade que possa já estar a doença.
Pode também ocorrer durante uma consulta
de eu oferecer o exame e o paciente aceitar a ideia, mas devido o preconceito
ao exame, diz que é para agendar para outro dia, pois está com pressa. Sem dó
nem piedade, informo ao cidadão que é para fazer naquele momento ou não será
feito, pois não abro agenda para fazer só o exame. A oportunidade é única, ele
sempre cede e é feito o exame.
Certo dia seu estava na praça de uma
pequena cidade do interior do Espírito Santo aguardando o transporte que me
levaria até o posto na área rural, quando dois senhores conversavam próximo de
mim, mas sentados num banco da praça. De repente um deles me chamou:
- Doutor dá para mostrar as suas mãos?
Pediu seriamente.
Fiquei curioso, levantei as mãos
espalmadas e um deles falou:
- Com ele dá para fazer o exame.
Entendi que ele se referia a espessura do
meu dedo, que é o principal agente do toque prostático. Ri para eles e falei:
- Não se preocupem, o meu dedo é fininho.
--- X ---
Este texto faz parte do livro MISSIONÁRIOS DA SAÚDE EM AÇÃO, para adquirir esta obra
CLIQUE AQUI E VÁ PARA O SITE DE COMPRA
e ajude o Grupo Missionários da Saúde em suas ações sociais em comunidades carentes
4ª Parte
Até tu...
3ªParte
CLIQUE AQUI E VÁ PARA O SITE DE COMPRA
e ajude o Grupo Missionários da Saúde em suas ações sociais em comunidades carentes
4ª Parte
Até tu...
Eu prestava serviço num lugarejo de uma área rural e fui comunicado
pela enfermeira que estava havendo uma infestação de algum
organismo que estava causando muito prurido nos alunos da escola da
região.
Agendei uma visita numa tarde no local. Era uma escola de tamanho
médio com um bom número de alunos. Chegando lá solicitei à
direção que separasse todas as pessoas que estavam com algum
prurido, a fim de fazer consulta e prescrição de tratamento.
A surpresa maior foi que a fila foi crescendo assustadoramente,
solicitei então que as ACS (agente comunitario de saúde) ajudassem na triagem, separando aqueles
pacientes com característica de escabiose. Em poucas horas
diagnostiquei e tratei em torno de cinquenta pessoas com a doença.
Ao final da visita, quem chegou para consultar? A diretora da escola,
que referia todos os sintomas da escabiose. Informou também que seus
filhos tinham as mesmas queixas.
OBS: Este capitulo faz parte do livro MISSIONÁRIOS DA SAÚDE EM AÇÃO, adquira um exemplar e ajude as nossas ações sociais: Clique aqui e vá para o site de compra
3ªParte
Médico bom é...
Paciente geralmente gosta de médico que passe muitos papeis para
ele. Exames, receitas e tudo o mais. Médico bom é médico que pede
exames, pensa o leigo na medicina.
O paciente chega ao posto médico com discurso que quer fazer um
“check-up”. Acredito que ele esteja confundindo o local, estamos
no consultório da prefeitura, usando o SUS. O texto é quase sempre
o mesmo:
- Quero fazer um hemograma completo, representando com as mãos o
tamanho do hemograma. Também quero um exame de urina, fezes e um
exame do coração. Pode passar também ultrassonografia e uma
tomografia
A princípio o paciente não tem noção do que seja um hemograma e
muito menos “completo”. Pergunto então o que seria um hemograma
completo e geralmente a resposta é:
- Quero ver tudo no meu sangue.
É difícil explicar e às vezes é melhor ficar quieto, pois um
hemograma completo só indica as alterações dos glóbulos vermelhos
e brancos, podendo mostrar uma anemia ou alguma infecção, mas nunca
todas as doenças.
Para fazer uma avaliação completa no que está no sangue, tem que
se especificar cada item que se quer avaliar, como glicose, ácido
úrico, etc. Com certeza iremos preencher várias folhas de
papel-ofício com estes pedidos. Estes exames só devem ser
solicitados quando se quer a confirmação de um diagnóstico. Os
exames de fezes e urinas só devem ser pedidos em casos específicos.
Existem os pedidos de rotina, que são aqueles previstos em
protocolos como os de pré-natal, hipertensão, diabetes, adultos
acima de determinada idade, uso de alguma medicação específica e
outras.
Mas o paciente quer um hemograma “completo” e de preferência de
seis em seis meses.
Atenção amigos médicos e enfermeiros, se formos agradar a todos os
pacientes, haverá um congestionamento de coleta e realização de
exames, levando a demora absurda na coleta e no resultado.
Então que se mantenham os protocolos, só assim a pessoa que
realmente precisar com urgência, não ficará entregue a esta janela
do tempo. E os pacientes, exponham os seus anseios, a fim de que seus
exames sejam feitos de acordo com suas queixas ou com os protocolos.
Não posso esquecer também das solicitações de encaminhamentos:
- Doutor, eu quero um encaminhamento para o ortopedista e para o
cardiologista. O paciente não tem noção da gravidade dessas
palavras. O médico entende do seguinte modo:
- Doutor, o senhor é um médico de família, generalista e
incompetente, só sabe fazer visita e está aqui para fazer a
triagem, então me encaminhe, como é sua obrigação, para o
ortopedista e para o cardiologista.
Se o paciente soubesse do meu potencial como médico generalista,
pediria para curá-lo ou, pelo menos, tratar a sua queixa.
90% dos meus pacientes são tratados no consultório ou em visitas.
Os encaminhamentos que por ventura ocorram, geralmente são devidos
às doenças crônicas que o próprio paciente deixou agravar ou
também por serem procedimentos que se precise de equipamentos mais
específicos, como em oftalmologia ou cirurgia.
Francisco
de Assis D. Maél
Médico
& Escritor
E mail:
franciscomael@yahoo.com.br
Tel: (32) 991 666 495
Outras
obras do autor:
Compra-se
vida – Ficção religiosa
Fragmentos
de uma vida – Autobiografia
Áxis a
síndrome sagrada – Ficção Científica
Missionários
da saúde em ação – Orientação à saúde
MANA-YAM e
a árvore de amigos - Infantil
Historinhas
que ninguém lê - Contos
O dia da
minha morte – Romance
Num piscar
de olhos – Romance
Dívidas
de gratidão – Romance
Senhor X –
Romance
Nenhum comentário:
Postar um comentário