LGBT COM GPS



LGBT COM GPS
 Um rapaz moreno, com o cabelo em gel penteado para o lado, atravessava a avenida Presidente Vargas com o celular colado ao ouvido e rebolando mais que Gisele Bundchen na passarela. Ela vinha toda faceira, dando algumas corridinhas e uns gritinhos ao se livrar dos carros que passavam e buzinavam.
Do outro lado, colado às divisas da estação Central do Brasil, um pivete não tirava o olho do LGBT. Ele devia ter uns quinze anos, era “dimenor” e poderia fazer qualquer coisa, tinha o amparo da lei e ele sabia disso.
Rapidamente o pivete saiu do seu posto e se aproximou do LGBT com o celular colado no ouvido. Chegou junto e avisou:
- Perdeu! Falou o jovem encostando uma faca nas costelas da perua ao telefone.
- Ui! Gemeu o rapaz moreno, que é isso?
- Perdeu, você é surda? Me passa o celular.
- O celular? Mas ele é de última geração e eu ainda nem paguei por ele.
- Passa logo ou eu te furo.
- Tudo bem, mas, por favor, não me mate, falou dramaticamente a vítima quase desfalecendo de medo.
- Só quero o celular... Agora rala peito, mandou o pivete se afastando do rapaz desolado com o roubo.
Sem olhar para trás, o pivete apostou dez no veado e saiu correndo pelas ruas do centro. Já tinha destino certo, pois aquele aparelho era dos bons e já estava encomendado.
O adolescente diminuiu o passo, já tinha dado várias voltas no quarteirão para despistar quando entrou num estacionamento.
Chegou até uma porta e bateu numa sequência de três pancadas.
- É “dimenor” gritou o pivete.
Houve uma demora, mas a porta se abriu e o rapaz entrou sorridente.
- Consegui a encomenda.
- “Dimenor” tu é o cara, falou o homem gordo satisfeito com o feito do pivete.
- Não foi nada, desconversou o adolescente.
Com um sorriso no rosto o pequeno ladrão aguardava o exame da mercadoria.
- Caramba! Este aqui tem rastreador. Onde foi que você conseguiu esta encomenda, “dimenor”?
- Perto da Central. Tem uns dez minutos.
- Hum! Isso pode ser problema. E de quem você conseguiu a mercadoria?
- Foi fácil! A bichinha nem reagiu.
- Bichinha?
- É, a bichinha atravessou a avenida com ele no ouvido e eu vi que era dos bons.
- Era um rapaz moreno com o cabelo jogado para o lado?
- É isso, mesmo, você conhece?
- Sujou! É fria.
Rapidamente houve um reboliço no recinto e os marginais não sabiam para onde ir.
- O que é que foi? Gritou o pivete com ar de inocente.
- É isca! O cara é “puliça”.
Já viu algum filme em que o navio afunda e os ratos ficam em desespero? Foi mais ou menos o que aconteceu com os marginais do lugar.
- Saiam todos com as mãos na cabeça.
Uma voz pelo megafone vinha do estacionamento e todo o local estava ocupado pela polícia civil.
Não havia escapatória, o lugar não tinha saída pelos fundos e todos se renderam. Assim que saiu pela porta, o pivete viu o rapaz moreno de quem tinha roubado o celular. Ele tinha um revolver 38 nas mãos e já não rebolava mais. O sorriso era de satisfação em pegar uma rede de receptadores de produtos roubados, principalmente celulares.
- Pivete burro, resmungou o gordo sendo algemado.
O policial travestido de homossexual se aproximou do menor e deu um sorriso para o seu silêncio.
- Perdeu, pivete. Eu não sou surdo e você... É mudo?



Francisco de Assis D. Maél
Médico & Escritor

Outras obras do autor:
Compra-se vida – Ficção religiosa
Fragmentos de uma vida – Autobiografia
Áxis a síndrome sagrada – Ficção Científica
Missionários da saúde em ação – Orientação à saúde
MANA-YAM e a árvore de amigos - Infantil
Historinhas que ninguém lê - Contos
O dia da minha morte – Romance
Num piscar de olhos – Romance
Dívidas de gratidão – Romance
Senhor X – Romance

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