O SEQUESTRO
Amâncio estava
descansando depois de um dia cheio. Tomava uma lata de cerveja e via uma
partida de futebol pela TV, quando o telefone tocou:
- Alô! Pois
não!
- Pai! Ô pai!
Eu fui assaltado, disse o menino do outro lado da linha.
- Assaltado?
Mas como?
- É pai! Fui
assaltado, confirmou o menino chorando.
Do outro lado
da linha outra pessoa assumia o fone.
- É isso
mesmo! Sequestramos seu filho.
- Mas quem são
vocês? O que estão fazendo?
- Nós somos
sequestradores e vamos machucar muito o seu filho se o senhor não colaborar.
- Tá legal, eu
colaboro, mas não machuquem o garoto.
- Muito bem, o
senhor vai fazer o seguinte: vai até a mercearia do Manuel da esquina e vai
pagar a conta da Maria Cachação, entendeu?
- Sim, pagar a
conta da Maria Cachação, e quanto ela deve?
- Sei lá! Uns
cento e cinquenta Reais.
- Só isso?
- Depois o
senhor vai passar na Igreja e vai pagar o dízimo que está devendo.
- Até o
dízimo? Mas estou dois meses atrasado.
- Então vai
pôr em dia suas obrigações com Deus.
- Tudo bem, já
era hora mesmo.
- Tem mais...
- Tem mais?
- Cala boca e
escuta, se não faço seu filho dar um beijo na Geni.
- Não, pelo
amor de Deus, na Geni não, ela é muito feia e cospe quando fala.
- Antes de
sair o senhor vai mandar sua patroa trocar toda a roupa, inclusive a calcinha.
- Trocar até a
calcinha?
- É, mas não
diga o motivo, senão eu mato o seu filho.
- Fique
tranquilo senhor sequestrador, vou à mercearia, depois à Igreja e falo com a
minha mulher.
- Isso! Tem
mais, você prometeu dar um presente para o seu afilhado, o Zezinho, lembra?
Então trate de pagar a promessa... É só isso por hoje. Agora vá.
- Tudo bem, já
estou saindo.
Antes de sair
Amâncio entrou no quarto, acordou a mulher Maria Cachação que estava de porre e
a mandou trocar de roupa.
- Mas só tem
três dias que troquei a calcinha, disse ela meio tonta.
O homem saiu
rápido. Foi à mercearia e pagou a conta da mulher. Passou numa loja e comprou
um carrinho de brinquedo para o afilhado. Ainda apressado, chegou à Igreja e
encontrou o pastor arrumando as cadeiras para o culto de logo mais a noite.
- Meu irmão,
obrigado por se lembrar do dízimo do mês passado. O que aconteceu para vir aqui
assim tão cedo?
- Recebi um
telefonema do sequestrador, ele está com o meu filho e me mandou fazer um monte
de coisas.
- Seu filho?
Mas desde quando o senhor tem filho?
- Pois é, eu
nem me liguei nisso. Eu não tenho filho.
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Francisco de Assis D. Maél
Médico & Escritor
E mail: franciscomael@yahoo.com.br
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Compra-se vida –
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